A percepção da sílaba no português brasileiro

Abstract

A sílaba é uma unidade basilar nos estudos fonológicos, pois funciona como unidade gramatical estruturadora do conhecimento fonológico e a ela cabe o papel central das representações fonológicas de um sistema linguístico e de como essa língua se organiza. Conhecer os padrões de silabação e os processos fonológicos desencadeados nas unidades suprassegmentais é fundamental para o estudo do ritmo da língua. A fim de verificar a produção e a percepção do português brasileiro quanto às sequências consonantais, o presente trabalho propôs a criação e disponibilização de uma lista com 49 vocábulos em língua portuguesa que contenham a estrutura em questão. A lista foi pronunciada por cinco informantes de diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade que puderam julgar a quantidade de sílabas produzidas por eles mesmos durante a pronúncia da lista. Os resultados obtidos ilustram que a percepção silábica se apoia mormente na realização fonética acessada pela audição, mais do que na representação estrutural fonológica.

The syllable is a key element for phonological studies, for it works as a grammatical unit that structures the phonological knowledge of a language and it stands for the major task of phonological representations from linguistic systems and how the language is organized. Knowing the syllable patterns and the phonological processes triggered in the suprasegmental units is fundamental to the study of the rhythm of a language. In order to verify the production and perception of Brazilian Portuguese regarding consonant clusters, the present paper proposed the creation and availability of a list of 49 words in Portuguese that contain the consonantal structure in question. The list of words was pronounced by five informants of different age groups and education levels who were able to judge the number of syllables produced during the pronunciation of the list. The results illustrate that syllabic perception relies mainly on phonetic realization accessed through hearing, rather than on phonological structural representation.