Variação linguística no livro didático do ensino bilíngue em Moçambique: verbos da língua echuwabo como objeto de análise
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Data
2021-08-27
Autores
Orientador
Fargetti, Cristina Martins
Coorientador
Pós-graduação
Linguística e Língua Portuguesa - FCLAR
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto
Resumo
Resumo (português)
O acesso à educação é um direito básico de todos os povos. Infelizmente, muitos povos têm sido privados deste direito fundamental, principalmente os falantes de línguas menos prestigiadas de várias comunidades espalhadas pelo mundo. África é um continente multilíngue, no entanto, muitas das línguas não são ensinadas nas escolas e nem são usadas como meio de ensino. Esta prática que começou no período colonial em que as línguas africanas eram proibidas de serem usadas em instituições públicas coloniais e o ensino era proibido. Depois das independências dos países africanos, a situação se manteve com a não oficialização e não uso dessas línguas como meios de ensino. A situação de Moçambique não difere da observada em outros países africanos. O país tem cerca de vinte línguas do grupo linguístico bantu, línguas faladas pela maioria da população, porém, o português por muito tempo foi a única língua de ensino. Em 2003 foi introduzido o ensino bilíngue no país com objetivo de reverter este cenário e dar à população o acesso à educação através da sua língua materna. O Echuwabo é uma dessas línguas usadas para o ensino bilíngue, e possui seis variedades faladas ao longo da Província da Zambézia. Este fato nos levou a fazer um estudo sobre materiais didáticos usados para o ensino bilíngue, concretamente, o livro do aluno, com o objetivo geral de analisar a variação linguística do Echuwabo nos materiais didáticos usados no ensino bilíngue. Nos objetivos específicos, foram verificados se: os programas de ensino bilíngue falam sobre o ensino da variação linguística das línguas moçambicanas; e a partir da estrutura verbal do Echuwabo e do Emarenje, que são as duas variedades em estudo, foi identificado a variedade linguística usada nos manuais do aluno, e se os manuais apresentam ocorrências de outras variedades na estrutura verbal, sobretudo, o prefixo de sujeito e a marcação de tempo, que são os dois objetos da nossa análise dentro da estrutura verbal das variedades Echuwabo e Emarenje e, por último, foi recolhido a opinião dos professores do ensino bilíngue sobre a presença da variação verbal do Echuwabo nos manuais dos alunos e sua opinião sobre a formação de professores em variação linguística das línguas moçambicanas. A pesquisa é qualitativa e para a qual, além de analisar os manuais dos alunos e planos curriculares, foram feitas entrevistas aos professores e gestores das escolas. Dos resultados obtidos concluímos que os planos curriculares não falam sobre ensino das variedades das línguas moçambicanas, e que todos os verbos usados nos manuais são da variedade Echuwabo, o que significa dizer que a variedade Echuwabo é usada como variedade padrão; e também que os professores são capacitados para lecionar o ensino bilíngue, porém, não têm uma formação específica em sociolinguística que trate da heterogeneidade social, linguística e cultural das diferentes comunidades de fala da língua Echuwabo.
Resumo (inglês)
Access to education is a basic right for all peoples. Unfortunately, many peoples have been deprived of this fundamental right, especially speakers of less prestigious languages from various communities around the world. Africa is a multilingual continent, however, many of the languages are not taught in schools and are not used as a teaching medium. This practice results from the linguistic policy of the colonial period when African languages were prohibited from being used in public colonial institutions and teaching was prohibited. After the independence of African countries, the situation continued with the non-officialization and non-use of these languages as a means of teaching. Mozambique's situation does not differ from that of other African countries. The country has about twenty languages from the Bantu language group, languages spoken by the majority of the population, however, Portuguese has long been the only language of instruction. In 2003, bilingual education was introduced in the country with the aim of reversing this scenario and giving the population access to education through their mother tongue. Echuwabo is one of those languages that are used for bilingual education, however, echuwabo has six varieties spoken throughout Zambezia Province. This fact led us to make a study on teaching materials used for bilingual teaching, specifically the student's book, with the general objective of analyzing the linguistic variation of Echuwabo in the teaching materials used in bilingual teaching. As specific objectives, check if the bilingual teaching programs talk about teaching linguistic variation in Mozambican languages; from the verbal structure of Echuwabo and Emarenje, which are the two varieties under study, identify the linguistic variety used in the student manuals, check whether the manuals have occurrences of other varieties in the verbal structure, especially the subject prefix and the timing, which are the two objects of our analysis within the verbal structure of the Echuwabo and Emarenje varieties and, finally, to collect the opinion of bilingual teachers about the presence of Echuwabo's verbal damage in the students' manuals and their opinion on teacher training in linguistic variation of Mozambican languages. The research is qualitative and, in addition to analyzing student manuals and curricular plans, interviews were conducted with teachers and school managers. From the results obtained, we conclude that the curriculum palnos do not talk about teaching the varieties of the Mozambican languages, all the verbs used in the manuals are of the Echuwabo variety, which means that the Echuwabo variety is used as the standard variety, teachers are trained to teach the bilingual education, however, does not have a specific training in socilinguistics that deals with the social, linguistic and cultural heterogeneity of the different Echuwabo-speaking communities.
Descrição
Palavras-chave
Idioma
Português