Hábitos alimentares, neofobia alimentar, sensibilidade gustativa (limiar) de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista e neurotípicas: estudo observacional transversal

Abstract

O objetivo deste estudo foi avaliar Hábitos Alimentares (número de refeições diárias e variedade alimentar), Neofobia Alimentar e a sensibilidade gustativa de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e comparar com um grupo de neurotípicos (NT), pareados por idade. Foram avaliados 80 participantes, sendo 40 com TEA e 40 NT (com idades entre 4 e 15 anos). O grupo foi selecionado por meio de amostragem aleatória. Os pais/cuidadores responderam aos seguintes questionários relativos a seu filho: questionário de dados pessoais, hábitos alimentares e Escala de Neofobia Alimentar. As crianças também foram submetidas a testes gustativos para avaliação do limiar de percepção (sensibilidade) ao doce, salgado, amargo e azedo conforme protocolo preconizado em quatro concentrações crescentes. Os dados obtidos nos ensaios foram submetidos aos testes de pressupostos de normalidade (Shapiro-Wilk). Os dados paramétricos foram analisados pelo teste T de Student e os não paramétricos pelo teste de Mann Whitney. Os seguintes resultados foram encontrados: sobre hábitos alimentares (número de refeições diárias e variedade alimentar) de crianças com TEA e NT houve diferença apenas para a variedade alimentar (p= 0,043), onde os TEA mostram possuir uma variedade alimentar menor; as crianças com TEA foram mais neofóbicas que as NT (p= < .001); houve diferença estatística significativa entre os grupos para os sabores Doce (p=<.001) e Salgado (p=0,003), sendo que o TEA apresentou menor limiar de percepção, mas não para os sabores Azedo (p=0,152) e amargo (p=0,067). Diante das limitações do estudo, conclui-se que variedade alimentar nos hábitos alimentares, de crianças com TEA foi menor que os NT; que as crianças com TEA foram mais neofóbicas que as NT e que os TEA apresentaram limiar mais baixo na percepção dos sabores Doce e Salgado, mas não para os sabores Azedo e Amargo.

The aim of this study was to evaluate the eating habits (number of meals a day and variety of foods), food neophobia and taste sensitivity of children with Autism Spectrum Disorder (ASD) and compare them with a group of neurotypical children (NT), matched by age. A total of 80 participants were assessed, 40 with ASD and 40 NT (aged between 4 and 15). The group was selected by random sampling. Parents/caregivers answered the following questionnaires about their child: personal data questionnaire, eating habits and the Food Neophobia Scale. The children also underwent taste tests to assess the perception threshold (sensitivity) to sweet, salty, bitter and sour according to the protocol recommended in four increasing concentrations. The data obtained in the tests was submitted to normality tests (Shapiro-Wilk). Parametric data was analyzed using the Student's t-test and non-parametric data using the Mann-Whitney test. The following results were found: on eating habits (number of meals a day and food variety) of children with ASD and NT there was a difference only for food variety (p= 0.043), where ASD children show a smaller food variety; children with ASD were more neophobic than NT children (p= < . 001); there was a statistically significant difference between the groups for Sweet (p=<.001) and Salty (p=0.003) flavors, with ASD having a lower perception threshold, but not for Sour (p=0.152) and Bitter (p=0.067) flavors. Given the limitations of the study, it can be concluded that the food variety in the eating habits of children with ASD was lower than that of NTs; that children with ASD were more neophobic than NTs and that ASDs had a lower perception threshold for Sweet and Salty flavors, but not for Sour and Bitter flavors.