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A expressão da condicionalidade no português escrito no Brasil contínuo semântico-pragmático

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Data

2005

Orientador

Neves, Maria Helena de Moura

Coorientador

Pós-graduação

Linguística e Língua Portuguesa - FCLAR

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Neste trabalho, analisa-se a expressão da condicionalidade no português escrito do Brasil a partir de um ponto de vista funcionalista. Acredita-se que o valor condicional pode ser expresso não apenas por construções condicionais canônicas, que têm a estrutura "se p, (então) q", mas por construções aditivas, disjuntivas, justapostas e temporais. Assume-se que essas construções compõem, com as construções condicionais, um contínuo de condicionalidade. Fatores de natureza sintática, semântica e pragmática licenciam o uso dessas construções com valor condicional. O corpus deste trabalho compõe-se de textos das literaturas dramática, oratória, técnica, romanesca e jornalística, que foram coletados no Laboratório de Estudos Lexicográficos da UNESP - Campus de Araraquara, no jornal Folha de São Paulo de 1994 a 1998, e nos sites da Academia Brasileira de Letras, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A interpretação condicional de construções paratáticas aditivas, disjuntivas e justapostas, e das construções temporais, é decorrente de processos inferenciais,já que nessas construções ocorre um processo de convencionalização de implicaturas conversacionais. Há um processo metonímico de mudança, porque dois ou mais valores - adição, alternância, tempo, condição - coexistem em uma mesma construção. As construções aditivas, disjuntivas, justapostas e temporais tornam-se mais abstratas quando são usadas para expressar a condicionalidade, uma vez que passam por um processo de subjetivização, em que os falantes expressamjuízos subjetivos acerca dos conteúdos proposicionais nelas veiculados. Nas construções paratáticas, os fatores que licenciam a interpretação condicional são a ordem de ocorrência das orações que compõem a construção paratática, as correlações modo­temporais e os tipos de situação em que as construções paratáticas são usadas. Há uma preferência para a anteposição da oração-prótase à oração-apódose. Os tempos verbais que remetem ao pós-presente - presente do indicativo com referência futura e futuro do indicativo - são usados para expressar ameaças, promessas e recomendações. Os tempos verbais que não remetem ao pós-presente são usados em situações genéricas ou habituais. Os tempos verbais também desempenham um papel importante na interpretação condicional das construções temporais. As construções temporais têm valor condicional quando expressam a habitualidade, que é decorrente de um valor aspectual, a duração. Favorecem a interpretação habitual ou habitual-iterativa das construções temporal-condicionalpresente e o imperfeito do indicativo. As construções temporais, quando interpretadas comocondicionais, podem ser usadas para expressar um tempo epistêmico, que se refere ao tempo em que o falante faz sua avaliação a respeito da situação. Além disso, as construções temporais-condicionais também são usadas quando o falante quer restringir ou especificar uma informação que foi expressa na situação. A análise desenvolvida neste trabalho mostra que os expedientes usados pelos falantes para expressar o valor condicional no português do Brasil vão muito além do que propõem as gramáticas tradicionais, e formam uma gama de possibilidades que serve aos propósitos comunicativos desses falantes.

Descrição

Idioma

Português

Como citar

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