Anarquismo, sindicalismo de intenção revolucionária e o ensino racionalista: o caráter transnacional da sua difusão e relação entre Argentina e Brasil (1917- 1936)

Abstract

As décadas e 1920 e 1930 são identificadas na historiografia que trata do anarquismo brasileiro e argentino como sendo um período de declínio e de crescente preponderância da atuação na esfera cultural em detrimento da participação no movimento de massas, mais especificamente no movimento operário através do sindicalismo. Essa tese busca dialogar criticamente com essas leituras, reconhecendo o relativo acerto de parte de suas afirmações na interpretação do anarquismo no período em questão, mas apontando limitações críticas em suas formulações. Através de uma análise comparativa entre dois dos casos dessa ideologia no Brasil e na Argentina, focada prioritariamente nas cidades de São Paulo e Buenos Aires, buscaremos oferecer uma interpretação que supere a simples constatação do declínio do anarquismo no período ou que equivocadamente identifique a preponderância do educacionismo como estratégia em vez de interpretar a ação cultural como aspecto tático para a reorganização anarquista. Para tanto, acreditamos ser necessário não apenas definir o recorte temporal deste estudo mas inseri-lo em um marco mais amplo, reconhecendo os desdobramentos da prática política anarquista nas décadas que se seguiram. Além disso, é fundamental estabelecer uma leitura rigorosa sobre o projeto de transformação social anarquista e como ele se materializou nas realidades analisadas, considerando não só os princípios que moviam os anarquistas, mas as táticas e estratégias utilizadas e como cada setor do anarquismo se apropriou de um repertório comum e construiu uma interpretação e uma prática próprias a partir disso. Tendo isso em vista, abordaremos o nosso objeto a partir de quatro eixos: anarquismo e o movimento de massas; anarquismo, educação popular e educação racionalista; a organização específica anarquista; anarquismo e a violência política.

The 1920s and 1930s are identified in the historiography that deals with Brazilian and Argentine anarchism as a period of decline and growing preponderance of action in the cultural sphere to the detriment of participation in the mass movement, more specifically in the workers' movement through trade unionism. This thesis seeks to engage in critical dialogue with these readings, recognizing the relative accuracy of some of their statements in the interpretation of anarchism in the period in question, but pointing out critical limitations in their formulations. Through a comparative analysis between two of the cases of this ideology in Brazil and Argentina, focusing primarily on the cities of São Paulo and Buenos Aires, we will seek to offer an interpretation that goes beyond the simple observation of the decline of anarchism in the period or that mistakenly identifies the preponderance of educationism as a strategy instead of interpreting cultural action as a tactical aspect for anarchist reorganization. To this end, we believe it is necessary not only to define the time frame of this study but also to place it within a broader framework, recognizing the developments of anarchist political practice in the decades that followed. Furthermore, it is essential to establish a rigorous reading of the anarchist social transformation project and how it materialized in the realities analyzed, considering not only the principles that motivated the anarchists, but also the tactics and strategies used and how each sector of anarchism appropriated a common repertoire and constructed its own interpretation and practice based on it. With this in mind, we will approach our object from four axes: anarchism and the mass movement; anarchism, popular education and rationalist education; the specific anarchist organization; anarchism and political violence.

Las decadas de 1920 y 1930 son identificadas en la historiografia que aborda el anarquismo brasileno y argentino como un periodo de decadencia y creciente preponderância de la accion en la esfera cultural en detrimento de la participacion en el movimiento de masas, mas especificamente en el movimiento obrero a traves del sindicalismo. Esta tesis pretende entablar un dialogo critico con estas lecturas, reconociendo el relativo acierto de algunas de sus afirmaciones en la interpretacion del anarquismo en el periodo en cuestion, pero senalando limitaciones criticas en sus formulaciones. A traves de un analisis comparativo de dos de los casos de esta ideologia en Brasil y Argentina, centrandonos principalmente en las ciudades de Sao Paulo y Buenos Aires, intentaremos ofrecer una interpretacion que vaya mas alla de la simple constatacion del declive del anarquismo en el periodo o que identifique erroneamente la preponderancia del educacionismo como estrategia en lugar de interpretar la accion cultural como un aspecto tactico de la reorganizacion anarquista. Para ello, creemos necesario no solo delimitar el marco temporal de este estudio, sino situarlo en un marco mas amplio, reconociendo la evolucion de la practica politica anarquista en las décadas posteriores. Ademas, es imprescindible establecer una lectura rigurosa del proyecto anarquista de transformacion social y de como se materializo en las realidades analizadas, considerando no solo los principios que movieron a los anarquistas, sino las tacticas y estrategias utilizadas y como cada sector del anarquismo se apropio de un repertorio comun y construyo sobre el su propia interpretacion y practica. Teniendo esto en cuenta, abordaremos nuestro objeto a partir de cuatro ejes: el anarquismo y el movimiento de masas; el anarquismo, la educacion popular y la educacion racionalista; la organizacion anarquista especifica; el anarquismo y la violência politica.