Fatores associados ao enfrentamento do HIV/aids por profissionais da Atenção Primária à Saúde de um município do interior paulista

Abstract

Introdução: A infecção pelo vírus do HIV apresenta dados expressivos em todo mundo. No Brasil, a Atenção Primária à Saúde é privilegiada para ações de controle do HIV/aids. Contudo, as dificuldades permeiam uma diversidade de aspectos: de ordem moral, ética, técnica, de organização e política. Destarte, é fundamental o (re)conhecimento destas ações neste nível de atenção. Objetivo: Identificar as ações de enfrentamento do HIV/aids associadas ao perfil, conhecimento e atitude dos profissionais da Atenção Primária à Saúde. Método: Estudo transversal, descritivo e analítico, com abordagem quantitativa realizado em unidades de saúde da Atenção Primária de um município do interior paulista. A amostra incluiu 120 profissionais, entre gestores das unidades, enfermeiros e médicos assistenciais, e outros profissionais com ensino superior e que realizam teste rápido para HIV e Sífilis. A coleta de dados ocorreu entre maio e agosto de 2023, utilizando dois instrumentos: um para identificar o perfil sociodemográfico, conhecimento e atitudes dos profissionais sobre IST/HIV/aids; e outro para verificar as ações de enfrentamento, com base em uma escala validada. A análise de dados foi conduzida no software gratuito Statistical Package for the Social Sciences. Os dados relacionados ao perfil, conhecimento e atitudes sobre IST/HIV/aids foram analisados com estatística descritiva. O escore das ações de enfrentamento ao HIV/aids foi calculado a partir de 18 variáveis, representando a soma das ações realizadas. A regressão linear múltipla foi usada para identificar fatores associados ao escore (perfil, conhecimento e atitude) considerando variáveis com p<0,20 na análise bivariada e, no modelo final, associações significativas com p<0,05. Os modelos de atenção foram comparados pelos testes qui-quadrado e exato de Fisher, com significância estatística para p<0,05. Os profissionais participaram voluntariamente após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (73,4%), médicos (54,8%), enfermeiros (30,6%) e que desempenham funções assistenciais (73,4%). A análise de regressão linear múltipla indicou que profissionais da Estratégia de Saúde da Família apresentaram escores mais altos de enfrentamento ao HIV/aids [b=1,68, IC95% (0,6–2,70), p=0,001]. Na Estratégia de Saúde da Família, houve maior realização de ações como busca ativa de parcerias (94,5% vs. 76,9%), acompanhamento de gestantes com HIV/aids (90,9% vs. 67,7%) e notificação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (100% vs. 90,8%), além de menos dificuldades em ações educativas (61,8% vs. 33,8%). Conclusão: Os resultados indicam que o modelo de atenção influenciou na efetividade das ações de enfrentamento ao HIV/aids. Profissionais da Estratégia de Saúde da Família realizaram mais atividades preventivas e de acompanhamento, evidenciando a potência desse modelo em promover ações de prevenção e integralidade. Os achados contribuem para o entendimento das diferenças entre os modelos de atenção e reforçam a Estratégia de Saúde da Família como modelo prioritário na Atenção Primária à Saúde.

Introduction: HIV infection presents significant data worldwide. In Brazil, Primary Health Care is privileged for HIV/AIDS control actions. However, difficulties permeate a diversity of aspects: moral, ethical, technical, organizational, and political. Therefore, (re)knowledge of these actions at this level of care is essential. Objective: To identify HIV/AIDS coping actions associated with the profile, knowledge, and attitude of Primary Health Care professionals. Method: Cross-sectional, descriptive, and analytical study, with a quantitative approach carried out in Primary Care health units in a city in the interior of São Paulo. The sample included 120 professionals, including unit managers, nurses and attending physicians, and other professionals with higher education and who perform rapid tests for HIV and Syphilis. Data collection took place between May and August 2023, using two instruments: one to identify the sociodemographic profile, knowledge, and attitudes of professionals regarding STI/HIV/AIDS; and another to verify coping actions, based on a validated scale. Data analysis was conducted using the free software Statistical Package for the Social Sciences. Data related to the profile, knowledge and attitudes regarding STI/HIV/AIDS were analyzed using descriptive statistics. The score for coping actions against HIV/AIDS was calculated from 18 variables, representing the sum of the actions performed. Multiple linear regression was used to identify factors associated with the score (profile, knowledge and attitude) considering variables with p<0.20 in the bivariate analysis and, in the final model, significant associations with p<0.05. The care models were compared using the chi-square and Fisher's exact tests, with statistical significance for p<0.05. Professionals participated voluntarily after reading and signing the Free and Informed Consent Form. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Botucatu School of Medicine. Results: The sample was composed mostly of women (73.4%), physicians (54.8%), nurses (30.6%) and those who perform care functions (73.4%). Multiple linear regression analysis indicated that professionals from the Family Health Strategy had higher scores for coping with HIV/AIDS [b=1.68, 95% CI (0.6–2.70), p=0.001]. In the Family Health Strategy, there was a greater performance of actions such as active search for partnerships (94.5% vs. 76.9%), monitoring of pregnant women with HIV/AIDS (90.9% vs. 67.7%) and reporting of Sexually Transmitted Infections (100% vs. 90.8%), in addition to fewer difficulties in educational actions (61.8% vs. 33.8%). Conclusion: The results indicate that the care model influenced the effectiveness of actions to combat HIV/AIDS. Professionals from the Family Health Strategy performed more preventive and monitoring activities, highlighting the power of this model to promote prevention and comprehensive actions. The findings contribute to the understanding of the differences between the care models and reinforce the Family Health Strategy as a priority model in Primary Health Care.