(E)leitores e a última hora (1951-1953): entre a propaganda varguista e a responsabilidade com o leitor

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar a participação da população durante o Segundo Governo Vargas (1951-1954) pela perspectiva do jornal Última Hora. Para realizar este objetivo, concentramos nossa atenção na investigação de colunas que referenciam a organização trabalhista, como é o caso da coluna intitulada “O dia do presidente” que, além de fazer alusão a greves populares, incorporava discursos apaziguadores aos leitores-alvo, em consonância com o governo de Getúlio Vargas. A escolha do Última Hora, desse modo, deve-se ao fato do jornal ter desempenhado uma atividade única entre os periódicos da época, organizando um canal de comunicação entre o presidente e os trabalhadores. O resultado deste estudo indica que a população esteve à frente das reformas sociais, exigindo o cumprimento dos acordos da esfera governamental, a fim de assegurar direitos sociais e trabalhistas. A pesquisa, nesse sentido, traz importantes contribuições, uma vez que nos foi possível verificar um distanciamento em relação à imagem do Presidente da República como doador de benefícios. Além disso, o jornal apresenta um cenário mais próximo da realidade, permeado de negociações (patronais e sindicais), inépcia do poder administrativo e rompimento de acordos estabelecidos, ocasionando greves e paralisações que agitaram o ambiente político dos anos 1950.

This paper aims to analyze the participation of the population during the Second Vargas Government (1951-1954) from the perspective of the Última Hora newspaper. To accomplish this goal, we focused our attention on the investigation of columns that refer to the labor organization, as is the case of the column entitled "The President's Day" which, besides alluding to popular strikes, incorporated appeasing speeches to the target readers, in line with the government of Getúlio Vargas. The choice of Última Hora, thus, is due to the fact that the newspaper performed a unique activity among the periodicals of the time, organizing a communication channel between the president and the workers. The results of this study indicate that the population was at the forefront of social reforms, demanding compliance with government agreements in order to ensure social and labor rights. The research, in this sense, brings important contributions, once we were able to verify a distancing in relation to the image of the President of the Republic as a benefit giver. In addition, the newspaper presents a scenario closer to reality, permeated with negotiations (employers and unions), ineptitude of the administrative power and rupture of established agreements, causing strikes that agitated the political environment of the 1950s.