Invasão, repressão e violência: uma análise da cobertura do jornal Correio Braziliense sobre as invasões da Universidade de Brasília durante o regime militar

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Data

2022-06-15

Autores

Camargo, Juliana Marques de Carvalho

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A criação da Universidade de Brasília na década de 1960 representou o modelo de um projeto inovador, que tinha como um dos objetivos estabelecer na nova capital do país uma universidade inédita. Com a ditadura militar esta passou a ser vista como um local de subversão, uma ameaça que precisava ser combatida, passando a sofrer com as invasões que ocorreram nos diferentes momentos do regime. Estes episódios geraram um clima de instabilidade e insegurança, a comunidade acadêmica inteira foi colocada em suspeição. A maioria dos jornais veiculavam notícias que difamavam a universidade, o seu corpo docente e discente, muitos não conheciam a UnB e nem buscavam fazê-lo. A partir deste cenário, e tendo como fundamentação teórica a perspectiva do esquecimento e silenciamento de Irene Cardoso, a presente pesquisa busca analisar a cobertura realizada pelo jornal Correio Braziliense sobre as invasões que ocorreram na UnB nos anos de 1964, 1965, 1968 e 1977, a fim de compreender como o jornal relatou esses episódios. A nossa análise evidenciou que prevaleceu um caráter oficialista nas reportagens, privilegiando principalmente notas oficiais dos órgãos de segurança e as falas dos diferentes reitores que ocupavam o cargo no momento de cada uma das invasões. A comunidade acadêmica teve pouco espaço e a palavra “invasão” foi amplamente utilizada somente em 1968, momento no qual notamos uma mudança na cobertura, se compararmos os anos de 1964 e 1965. Em 1977, embora destacasse as mobilizações do movimento estudantil, a cobertura do Correio Braziliense continuou minimizando a ação da polícia dentro do campus, muitas vezes dando ares de normalidade a ela.
The creation of the University of Brasília (UnB) in the 1960s represented the model of an innovative project, which had as one of its objectives to establish an unprecedented university in the new capital of the country. With the military dictatorship, this scenario changed, and UnB came to be seen as a place of subversion, a threat that needed to be fought, so it began to suffer invasions that occurred at different moments of the regime. These episodes created a climate of instability and insecurity, the entire academic community was placed under suspicion. Most newspapers carried the news that defamed the university, its faculty, and students, many did not know UnB and did not even seek to do so. From this context and having as the theoretical foundation the perspective of forgetting and silencing of Irene Cardoso, the present research aims to analyze the coverage carried out by the newspaper Correio Braziliense about the invasions that occurred at UnB in the years 1964, 1965, 1968 and 1977, to understand how the newspaper reported these episodes. Our analysis showed that an official character prevailed in the reports, privileging mainly official notes from the security agencies and the speeches of the different rectors who held the position at the time of each invasion. The academic community had little space and the word “invasion” was only widely used in 1968 when we noticed a change in coverage if we compare the years 1964 and 1965. In 1977, although it highlighted the mobilizations of the student movement, the coverage from Correio Braziliense continued to minimize police action inside the campus, often giving it an air of normality.

Descrição

Palavras-chave

Sociologia, Ditadura, Universidade, Movimentos estudantis, Imprensa, Sociology, Dictatorship, University, Students Movements, Press

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