Linguagem e subjetividade nas geografias de horizonte humanista: contribuições para a compreensão do imaterial na geografia

Abstract

Este estudo se constitui como um ensaio em epistemologia cujo objetivo principal foi o de explorar possibilidades de construção de uma ciência geográfica permeada pelos fenômenos imateriais, como proposto por Marandola Jr. e Gratão (2003). Para isso, optou-se por investigar as geografias de horizonte humanista através de uma perspectiva autobiográfica, considerando a história de vida do autor-pesquisador e seu percurso de análise e de subjetivação, amparando-se nas relações da subjetividade entre diferentes concepções de sujeito: a de sujeito da experiência (BONDÍA, 2002) e a de sujeito da psicanálise (TOREZAN; AGUIAR, 2011). O humanismo aparece neste trabalho, portanto, enquanto objeto de estudo e método, e é entendido como a expressão do romantismo, um dos dois polos epistemológicos em que se dividem, como aponta Gomes (1996), as ciências modernas – opondo-se ao polo racionalista. Os autores e obras referenciadas, acadêmicas e literárias, foram aqueles que se mostraram mais importantes na construção da prática e da identidade docente do autor-pesquisador, juntamente com seu próprio percurso de análise, de aprendizagem e de pesquisa, e articularam-se entre as áreas da geografia, da linguística, da literatura, da filosofia, da sociologia, da educação e da psicanálise. Considerando que as abordagens deste polo não visam limitar-se a um programa pré-estabelecido, este ensaio produziu interpretações e reflexões que foram desenvolvidas durante todo o processo formativo do aluno-pesquisador, resultando na elaboração de uma retomada histórica da corrente humanista na Ciência Geográfica, de seu surgimento nos Estados Unidos da América à sua chegada ao Brasil - com ênfase às contribuições de sua precursora no país, a geógrafa Lívia de Oliveira, e da instituição em que esta atuou como professora e pesquisadora, a UNESP de Rio Claro (SP). Dessa forma, estabeleceram-se interlocuções entre processos subjetivos do autor-pesquisador e do desenvolvimento da história das geografias de horizonte humanista, bem como apontaram-se possíveis conexões entre a Geografia e alguns fenômenos imateriais, como a linguagem.

This study is an essay in epistemology whose main objective was to explore the possibilities of constructing a geographical science by immaterial phenomena, as proposed by Marandola Jr. and Gratão (2003). To this end, we chose to investigate the geographies of a humanist horizon through an autobiographical perspective, considering the life story of the author-researcher and his path of analysis and subjectivation, based on the relations of subjectivity between different conceptions of subject: the subject of experience (BONDÍA, 2002) and the subject of psychoanalysis (TOREZAN; AGUIAR, 2011). Humanism appears in this work, therefore, as an object of study and method, and is understood as the expression of romanticism, one of the two epistemological poles into which, as Gomes (1996) points out, modern sciences are divided – opposing the rationalist pole. The authors and works referenced, both academic and literary, were those that was most important in the construction of the author-researcher's teaching practice and identity, together with his own path of analysis, learning and research, and were articulated between the areas of geography, linguistics, literature, philosophy, sociology, education and psychoanalysis. Considering that the approaches of this pole do not aim to be limited to a pre-established program, this essay produced interpretations and reflections that were developed throughout the student-researcher's formative process, resulting in the elaboration of a historical resumption of the humanism in Geographic Science, from its emergence in the United States of America to its arrival in Brazil - with emphasis on the contributions of its precursor in the country, the geographer Lívia de Oliveira, and on the institution where she worked as a professor and researcher, UNESP - Rio Claro (SP). In this way, interlocutions were established between the subjective processes of the author-researcher and the development of the history of geographies with a humanist horizon, as well as possible connections between Geography and some immaterial phenomena, such as language, were pointed out.