Fatores que influenciam na tomada de decisão clínica sobre suturar ou não lacerações perineais de 1º e 2º grau
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Data
2021-02-01
Autores
Orientador
Takemoto, Maíra Libertad Soligo.
Coorientador
Menezes, Mariane de Oliveira
Pós-graduação
Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Faculdade de Medicina - FMB
Curso de graduação
Título da Revista
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Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Trabalho de conclusão de residência
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Introdução: Considerando que o uso de procedimentos obstétricos invasivos e dolorosos são muitas vezes alicerçados em relações de dominação e fortalecidos pela lógica da medicalização da assistência, o debate acerca da real necessidade de realização de determinadas intervenções faz-se imprescindível. Diante do exposto, há um questionamento na comunidade obstétrica a respeito da possibilidade de não suturar algumas lacerações de primeiro e segundo grau que não estejam sangrando e não distorçam anatomia, porém há uma escassez de estudos na literatura científica internacional sobre o tema, não sendo encontrados artigos brasileiros, fato que impulsionou a proposição do presente estudo no Brasil. Objetivos: Identificar os critérios clínicos e fatores físicos, psicológicos e sociais que influenciam na escolha de profissionais de saúde que atendem parto normal a respeito de reparar ou não lacerações perineais de 1º e 2º grau; identificar quais cuidados no pós-parto imediato são utilizados pelos (as) profissionais que assistem parto normal quando optam pela não sutura de lacerações de 1º e 2º grau; identificar quais técnicas para reparo perineal são utilizadas por profissionais que assistem parto normal e não suturam de rotina quando optam pela sutura de lacerações de 1º e 2º grau (anestesia, técnica de sutura e fio de sutura); identificar como e se é realizado o cuidado continuado no pós-parto mediato após a opção por não sutura de lacerações de 1º e 2º grau. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo do tipo transversal, quantitativo, descritivo, nos moldes de um inquérito online de abrangência nacional, com as seções “Características pessoais e profissionais”; “Critérios utilizados para optar por não suturar”; “Cuidados nas situações de não-sutura”; “Cuidados nas situações de sutura”. Calculou-se um tamanho amostral mínimo de 246 sujeitos. Para análise dos dados, foram realizadas análises descritivas. Resultados: Um total de 97,23% dos profissionais não realiza sutura de rotina de lacerações de 1º grau no pós-parto
imediato e 55,28% de 2º grau. O uso rotineiro de anestésicos locais para a realização do procedimento de sutura perineal foi relatado por 91,06% dos profissionais, sendo o critério mais selecionado para definir a utilização a sensibilidade da pessoa suturada (18,69%). Entre os anestésicos, o mais utilizado foi a Lidocaína 2% sem vasoconstritor (88,62%). O fio mais utilizado pelos profissionais da amostra é o Catgut simples (47,15%), apesar de o ideal ser considerado a Poligalactina 910 (Vicryl Rapid®) (61,79%). Das técnicas de reparo de lacerações de 2º grau, a sutura contínua de músculos, mucosa e pele (47,79%) ou a sutura contínua de músculos e mucosa com fechamento da pele pela técnica intradérmica (35,29%) foram as mais mencionadas pelos profissionais. Presença de sangramento ativo (82,11% em 1º grau e 95,59% em 2º), distorção de anatomia (55,69% em 1º grau e 80,88% em 2º), local de assistência ao parto (48,78% em 1º grau e 58,82% em 2º), possibilidade de reavaliação no pós-parto mediato ou tardio (65,85% em 1º grau e 78,67% em 2º grau), razões estéticas (81,30% em 1º grau e 78,68% em 2º), desejo da mulher (92,68% em 1º grau e 89,71% em 2º) e possibilidade de seguimentos das orientações de cuidados perineais pós-parto (67,89% em 1º grau e 74,26% em 2º) são fatores a serem considerados na tomada de decisão sobre reparo perineal de lesões de 1º e 2º grau. Entre os cuidados orientados no pós-parto, o uso de gelo/compressas frias (71,95%) por 20 minutos e a higiene com água e sabão neutro após diurese (77,64%) e evacuação (92,68%) são as principais orientações. Conclusão: Há um desencontro entre as práticas assistenciais e as evidências científicas em muitos contextos e categorias profissionais. Quando se trata de cuidado perineal, é imprescindível que a puérpera seja informada dos riscos, benefícios e repercussões de realizar uma sutura ou não, de forma compreensível e clara, respeitando sua autonomia e direito de escolha sobre seu próprio corpo. Considera-se que estes critérios possam auxiliar na tomada de decisão de profissionais que desejam implementar protocolos de não-sutura de lacerações de 1º e 2º graus.
Descrição
Palavras-chave
Idioma
Português