Ser mulher na sociedade capitalista burguesa: diálogos e reflexões com mulheres trabalhadoras
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Data
Autores
Orientador
Santos, Davis Perez Bispo dos 

Coorientador
Pós-graduação
Psicologia - FCLAS
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto

Resumo
Resumo (português)
A presente pesquisa pretendeu investigar a vivência de mulheres trabalhadoras no cerne da sociedade capitalista burguesa, de modo a (re)conhecer os seus aspectos e movimentos constitutivos. Os dados foram obtidos juntamente a um grupo de mulheres, que trabalham no setor de limpeza de espaços públicos, composto por 21 voluntárias pertencentes ao Programa de Auxílio ao Desemprego - “Frente de Trabalho” em um Centro de Referência e Atendimento da Mulher (CRAM), por meio do processo dialógico e reflexivo proporcionado por rodas de conversa temáticas fundamentadas nos princípios teóricos e práticos da Psicologia Social de abordagem materialista histórica dialética e nos postulados freirianos. Foram realizados dez encontros de rodas de conversa que abordaram a história de mulheres; a educação e a criação de mulheres; trabalho e profissão; casamento; maternidade e paternidade; corpo e sexualidade; violência doméstica; moral, tradição e costumes; política, militância e protagonismo social; e, ser mulher. Assim sendo, essa investigação teve como objeto o diálogo com mulheres trabalhadoras no marco do capital e oportunizou a promoção de um espaço de escuta e reflexão sobre o que representa ser mulher na sociedade capitalista burguesa, com o intuito de compartilhar vivências, experiências e pensamentos, com a finalidade de desnaturalizar os fenômenos sociais, construir entendimento crítico sobre a realidade, adotar posicionamentos de resistência a discursos, práticas e lógicas opressoras, bem como de desenvolver atitudes no cotidiano que tragam melhorias nas circunstâncias de vida de cada voluntária. Os resultados emergidos das rodas de conversa foram interpretados pela vertente do Materialismo Histórico Dialético e do Feminismo Materialista Dialético, com a Psicologia Social de abordagem Histórico-Cultural comparecendo tanto como referência teórica quanto por meio do instrumento dos núcleos de significação. Nesse sentido, foi identificada a unidade mínima de análise, a essência concreta contraditória e multideterminada, como sendo mulher, compreendida como forma social historicamente resultante das relações capitalistas. Ademais, foram constituídos três núcleos de significação – 1) ser mulher na sociedade capitalista burguesa; 2) família real versus patriarcalismo e conservadorismo; e 3) exploração, opressão, vulnerabilidade e violência versus revolta, emancipação e libertação – que visaram superar a aparência do fenômeno estudado para alcançar sua essência e compreensão dialética. Portanto, este estudo tencionou contribuir para o desvelamento e a reflexividade dos determinantes históricos e sociais das manifestações de mulheres trabalhadoras no bojo do capital, a fim de romper com a reprodução de lógica social fundamentada no patriarcado, no conservadorismo, no machismo e no capitalismo. Verificou-se a elevada demanda social pelo reconhecimento das problemáticas femininas decorrentes da superexploração e opressão de mulheres no cerne do capital e, consequentemente, a necessidade urgente do fortalecimento da luta feminista de perspectiva anticapitalista para a libertação da mulher, a qual só é possível via transformação radical das relações sociais, políticas e produtivas, condição fundamental para a emancipação de toda a humanidade. Essa emancipação, por sua vez, depende da superação do modo de produção capitalista pela classe trabalhadora, rumo à construção de uma sociedade socialista e comunista.
Resumo (inglês)
The present research aimed to investigate the living from working women within the core of the bourgeois capitalist society in order to recognize the constitutive aspects and movements. Data were collected from a group of women who work in the cleaning sector of public spaces, made up of 21 volunteers belonging to the Unemployment Assistance Program—”Work Front”—at a Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM, Women’s Support and Referral Center in Brazil) through a dialogical and reflective process provided by thematic discussion circles, grounded in the theoretical and practical principles of Social Psychology from a dialectical historical materialist perspective, as well as in Freirean postulates. Ten sessions were conducted addressing the following topics: the history of women; women's education and upbringing; work and profession; marriage; motherhood and fatherhood; body and sexuality; domestic violence; morality, tradition, and customs; politics, activism, and social protagonism; and the experience of being a woman. Thus, this investigation had as its object the dialogue with working women within the framework of capital and provided a space for listening and reflection on what it means to be a woman in bourgeois capitalist society, with the goal of sharing experiences, perspectives and thoughts aiming to denaturalize social phenomena, develop a critical understanding of reality, to adopt stances of resistance against oppressive discourses, practices, and logics as well foster attitudes in everyday life that contribute to improving the living conditions of each volunteer. The data emerged from the sessions were analyzed through the lenses of Dialectical Historical Materialism and Dialectical Materialist Feminism, with Social Psychology from a Historical-Cultural approach serving both as a theoretical reference and as a methodological framework through the instrument of meaning nuclei. In this regard, the minimum unit of analysis—the contradictory and multidetermined concrete essence—was identified as being a woman, understood as a social form historically shaped by capitalist relations. Furthermore, three meaning nuclei were established: 1 - being a woman in bourgeois capitalist society; 2 - real family versus patriarchy and conservatism; and 3 - exploitation, oppression, vulnerability, and violence versus revolt, emancipation, and liberation which intended to move beyond the superficial appearance of the studied phenomenon to reach its essence and dialectical understanding.Therefore, this study aimed to contribute to unveiling and reflexivity of the historical and social determinants of the demonstrations of working women within the capital, with the goal of breaking the reproduction of social logics based on patriarchy, conservatism, sexism, and capitalism. The research identified a significant social demand for recognizing the issues arising from the hyper-exploitation and oppression of women within capitalist structures and, consequently, the urgent need to strengthen feminist struggle from an anti-capitalist perspective for women's liberation that is only achievable through a radical transformation of social, political, and productive relations - a fundamental condition for the emancipation of all humanity. Such emancipation ultimately depends on the working class overcoming the capitalist mode of production and advancing toward the construction of a socialist and communist society.
Descrição
Palavras-chave
Psicologia social, Materialismo dialético, Mulheres, Feminismo, Capitalismo, Social psychology, Dialectical materialism, Women, Feminism, Capitalism
Idioma
Português
Citação
ERCOLANO, Ruchelli Stanzani. Ser mulher na sociedade capitalista burguesa: diálogos e reflexões com mulheres trabalhadoras. 2025. 228 p. Tese (Doutorado Acadêmico em Psicologia) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Assis, 2025.

