Feira livre na cidade de Marília-SP: tensões e cotidiano

Abstract

A feira livre de domingo na cidade de Marília foi deslocada de lugar por interferência da igreja Universal do Reino de Deus e com a mediação do poder público. Ao pesquisar os elementos que construíram esse acontecimento foi possível realizar questionamentos sobre os espaços na cidade de Marília. Baseando-se na lógica de segregação dos “enclaves fortificados”, identificamos a localização da feira livre e da igreja Universal no debate sobre a inclusão e a exclusão urbana. Esse acontecimento se revelou pertinente para pensarmos a dinâmica urbana na medida em que ele expressa, de certa forma, como o capital se apropria dos espaços da cidade e como os moldam aos seus interesses. Portanto para entendermos como as relações sociais são construídas nos enclaves e nos espaços abertos foram identificados espaços que os frequentadores da feira livre possuem contato cotidiano. Ao apreendermos a dinâmica desses espaços foi possível a elaboração de duas categorias, os espaços espontâneos e os espaços estéreis, que funcionam a partir de pressupostos distintos e que influenciam as reações sociais dos sujeitos que os frequentam. Desta forma, o estudo dos espaços da cidade contribuiu para compreendermos o sentido da relação entre a feira livre e a igreja Universal e como e porque a feira livre foi mudada de lugar sem resistências. Para desenvolvermos esta pesquisa foi-se apropriado de técnicas de pesquisa como, por exemplo, a pesquisa bibliográfica, documental e a etnografia concomitante à apreensão fotográfica dos espaços estudados. Por fim, os dados foram analisados com a intenção de alcançar o processo de desenvolvimento da dinâmica espacial da cidade de Marília baseada na lógica de segregação dos “enclaves fortificados”.

Sunday's free fair in the city of Marilia was displaced by interference from the Universal Church of the Kingdom of God and with the mediation of public power. By researching the elements that built this event it was possible to ask questions about the spaces in the city of Marília. Based on the segregation logic of the “fortified enclaves”, we identified the localization of the free fair and the Universal Church in the debate on urban inclusion and exclusion. This event proved pertinent to think about urban dynamics as it expresses, in a way, how capital appropriates the spaces of the city and how they shape them to their interests. Therefore, in order to understand how social relations are built in enclaves and in open spaces, the research identified spaces that frequenters of free fair have daily contact with. By apprehending the dynamics of these spaces, it was possible to elaborate two categories: the spontaneous spaces and the sterile spaces, which function from different assumptions and that influence the social reactions of the subjects who frequent them. Thus, the study of the city's spaces contributed to understand the meaning of the relationship between the free fair and the Universal Church and how and why the free fair was moved without resistance. To develop this research it was appropriate to research techniques such as bibliographic, documentary research and ethnography concomitant to photographic apprehension of the studied spaces. Finally, the data were analyzed with the intention of reaching the process of development of the spatial dynamics of the city of Marília based on the logic of segregation of the “fortified enclaves”.