Literatura sem calcinha - sala de aula sem cuecalcinha

Abstract

A pesquisa foi desenvolvida na Linha I: “Educação, diferença, relações de gênero e étnico-raciais”, no PPGE/FCT/UNESP, Presidente Prudente, SP. “Como e o que significa para a escola tirar a calcinha da literatura?” é a pergunta que suleia essa escrita por uma outra forma de entender e praticar o ensino dentro da sala de aula na perspectiva da dissidência de gênero na/da educação. O objetivo é provocar um como e cutucar o porquê de defender e fazer ensinos de literatura que construam outras formas de construir pensadas contracolonialmente para potencializar discursos e práticas contra-hegemônicas para transformar o ambiente escolar. Para tanto, articulo minhas vivências enquanto corpo dissidente na escola aos cursos que fiz no PROVE, “Compartilhando experiências numa perspectiva freiriana” e “Gêneros, corpos e afetos”. A pesquisa visa uma prática da escrevivência de Conceição Evaristo se entrelaçando à perspectiva do sujeito, metodologia usada por Grada Kilomba e à proposta desgramatical de uma linguagem não-binária para costurar pensamentos e ativismos por uma educação menos violenta. Toda essa discussão é mediada pelo conceito de uma teoria sem calcinha de Marcella Althaus-Reid. É qualitativa de cunho teórico. Durante o levantamento bibliográfico percebe a realidade de violência e exclusão que é imposta e projetada na vida de pessoas queers e, igualmente, os frutos da resistência a isso. Conclui que a escola, a literatura, o currículo são espaços dúbios em constante disputa de verdades e nós, queers, estamos na jornada para reafirmar nosso espaço, sobreviver, curar e florescer. O resultado dela é um projeto para inspirar uma prática de literatura sem cuecalcinha, uma vez que o diálogo é recorrentemente defendido para criar pontes.

The research is carried out in Line I: “Education, difference, gender and ethnic-racial relations”, at PPGE/FCT/UNESP, Presidente Prudente, SP. “How and what does it mean for the school to take the panties off literature?" is the question that guides this writing for another way of understanding and practicing teaching from the perspective of gender dissidence in/of education. The aim is to defend and rethink language and literature teaching so that it expresses other possibilities of life, breathing and transforming the school space – heavily marked by cisheronormativity. Thus, I link my experiences as a dissident body at school to the courses I took at PROVE, “Sharing experiences from a Freirian perspective” and “Genders, bodies and affections”. The research is based on the writings of Conceição Evaristo, which are entangled with the perspective of the subject, the methodology used by Grada Kilomba and the ungrammatical proposal of a non-binary language to sew together thoughts and activism for a less violent education. All this discussion is mediated by Marcella Althaus-Reid's concept of a theory without panties. It is qualitative, theoretical. During the bibliographical investigation, the reality of violence and exclusion that is imposed and projected onto the lives of queer people is perceived, as well as the fruits of its resistance. It concludes that school, literature and the curriculum are dubious spaces in constant dispute over truths and we queers are on a journey to reaffirm our space, survive, heal and flourish. The result is a project to inspire a practice of literature without underwear, since dialog is repeatedly advocated to create bridges.