O cotidiano escolar na pandemia numa escola de educação infantil: o olhar da professora coordenadora

Abstract

Esta pesquisa teve como objeto de estudo o trabalho desenvolvido pela equipe gestora (direção, vice-direção e professores coordenadores) e professores de uma escola pública de Educação Infantil, durante o ano de 2021 (no contexto da pandemia) tendo o desafio de estabelecer um vínculo com as famílias para o desenvolvimento de atividades educativas não presenciais. Fui e sou a professora coordenadora da referida escola localizada na periferia do município de Rio Claro/SP. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, na perspectiva narrativa de experiência do vivido (Lima; Geraldi; Geraldi, 2015), tendo como objetivo compreender os desafios postos na pandemia aos educadores, famílias e crianças de uma escola pública de Rio Claro, na Educação Infantil no ano de 2021 atravessados pelo olhar da professora coordenadora. O material utilizado para a elaboração da pesquisa foi constituído pelo registro digital de 2021 produzido por mim enquanto professora coordenadora. Me inspiro no paradigma indiciário (Ginzburg,1989) ao explicitar pistas encontradas no meu registro digital para, a partir disso, melhor compreender a tessitura da obra/pesquisa. Compreendo que as ações visando parceria junto às famílias têm sido determinadas de acordo com os interesses da instituição escolar e diante dos inúmeros impeditivos faz-se necessário a abertura de espaços de escuta criando condições para práticas participativas, inclusive em relação a tomada de decisões. Possibilitar que as famílias acompanhem o trabalho pode favorecer uma melhor compreensão do mesmo, para a percepção dos problemas e colaboração para sua superação. Diante dos inúmeros desafios impostos aos educadores é necessário conhecer os contextos, os referenciais teóricos sobre sua área, os documentos oficiais, como também conceber a própria prática como objeto de reflexão e pesquisa, problematizando o cotidiano com vistas a sua transformação. Para isso é fundamental a consciência do viés político da profissão em defesa dos direitos, interesses e valores das crianças, de suas famílias e os de sua própria classe. Num contexto tão adverso, o trabalho coletivo se mostrou capaz de amenizar os desafios e problemas enfrentados. Enquanto formadora me cabe assumir a autoridade e responsabilidade de assegurar-me em relação ao meu próprio agir, garantindo que as ações formativas oportunizem espaços coletivos como forma de legitimação do fazer docente, compreendendo os professores enquanto sujeitos que trazem consigo suas necessidades e a sua própria história.

The aim of this research was to study the work challenges developed by the administration team (school principal, vice-principal, and pedagogical coordinators) and teachers of Early Childhood Education in establishing a bond with families for the development of non-face-to-face educational activities during the context of the pandemic in 2021. I am a pedagogical coordinator in a low-income neighborhood public preschool located in the outskirts of Rio Claro, Sao Paulo. This study is a qualitative approach of a narrative perspective of lived experience (Lima; Geraldi; Geraldi, 2015), and aim to understand the challenges enforced by the pandemic to educators, families and children at a public school in Rio Claro, in Early Childhood Education in 2021 through the coordinating teacher’s point of view. What inspired me was the evidentiary paradigm (Ginzburg, 1989) when investigating clues found in my digital record, in order to better understand the work/research structure. We understand that actions aiming the partnership with families have been determined in accordance with the school interests and considering the numerous impediments, it is necessary to open spaces for listening, creating conditions for participatory practices, including in relation to decision-making. Enabling families to accompany the work can favor a better understanding of it, for the perception of problems and collaboration to overcome them. Faced with the numerous challenges imposed on educators, it is necessary to know the contexts, the theoretical references about their area, the official documents, as well as conceiving their own practice as an object of reflection and research, questioning daily life with a view to its transformation. For this, it is essential to be aware of the political bias of the profession in defense of the rights, interests and values of children, their families and those of their own class. In such an adverse context, collective work proved capable of alleviating the challenges and problems faced. As a trainer, it is up to me to assume the authority and responsibility of securing myself in relation to my own actions, ensuring that training actions provide collective spaces as a way of legitimizing teaching, understanding teachers as subjects who bring with them their needs and own history.