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Atenção domiciliar: percepção de pessoas idosas, cuidadores e profissionais de saúde

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Orientador

Rosell, Fernanda Lopez

Coorientador

Pós-graduação

Saúde Coletiva em Odontologia - FOA

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

A atenção domiciliar (AD) é essencial para pacientes com necessidade de cuidados contínuos. Este estudo analisou a percepção de pessoas idosas, cuidadores de pessoas idosas acamadas e profissionais de saúde vinculados às equipes de Estratégia Saúde da Família sobre a atenção domiciliar em um município de médio porte do interior do Estado de São Paulo. Foram realizadas entrevistas semiestruturas com perguntas sobre a assistência domiciliar, aplicação do questionário sociodemográfico, qualidade de vida relacionada à saúde (EQ-5D), valor associado ao estado de saúde (EQ-VAS) e Mini Exame do Estado Mental (MEEM). A maioria dos usuários era do gênero feminino (60,00%), com idade média de 77 anos. A maior parte dos indivíduos era casada (43,40%) e possuía ensino fundamental incompleto (60,00%). A classe econômica predominante foi D/E (90,00%), e o tempo mais comum de recebimento de AD foi de 13 a 24 meses (41,60%). Dentre as condições clínicas, destacaram-se a doença pulmonar obstrutiva crônica (35,00%), insuficiência cardíaca (25,00%) e artrite, artrose ou reumatismo (23,30%). A análise qualitativa revelou que 61,60% dos pacientes recebiam atendimento semanal, 33,40% a cada 15 dias e 5,00% mensalmente. As visitas eram realizadas, sobretudo, por agentes comunitários de saúde (45,00%), técnicos de enfermagem (18,30%), enfermeiros (15,00%) e médicos (15,00%). Os participantes valorizaram a continuidade do tratamento (36,60%) e destacaram a importância da assistência humanizada (25,00%), além da satisfação com o atendimento (31,60%) e o desejo por visitas mais frequentes (6,60%). Na análise do EQ- 5D, observou-se que as participantes do gênero feminino apresentaram maior necessidade de assistência para cuidados pessoais (p = 0,04) e maior prevalência de ansiedade e depressão (p = 0,03). Nas condições clínicas, a presença de neoplasias esteve associada à mobilidade reduzida (p = 0,04) e à ansiedade/depressão (p = 0,01), enquanto artrite/artrose/reumatismo se associou a limitações nas atividades habituais (p = 0,01) e dor/mal-estar (p = 0,04). A pontuação média no MEEM foi de 17,52, indicando cognição levemente comprometida, sem diferenças significativas entre os gêneros. Já o escore médio no EQ-VAS foi de 55,30, sugerindo uma percepção de saúde moderadamente boa por parte dos participantes. Entre os cuidadores, a maioria era do gênero feminino (92,03%), com idade acima de 50 anos (49,28%). As entrevistas revelaram que 65,21% destacaram a importância da regularidade das visitas para garantir a continuidade do tratamento, além do fortalecimento do vínculo com os profissionais (34,79%). Entretanto, 61,60% relataram sentimentos de solidão devido ao isolamento social, e 38,40% apontaram sobrecarga física e emocional, com dificuldades para descansar e presença de dor. Na avaliação do EQ-5D dos cuidadores, gênero feminino apresentaram maior proporção de problemas extremos nas atividades habituais e dor/desconforto, enquanto os homens relataram níveis moderados de ansiedade/depressão. Quanto aos cirurgiões-dentistas, 90,90% eram do gênero feminino, com idade entre 30 e 40 anos (68,20%). As especialidades mais frequentes foram atenção primária e endodontia (ambas com 27,30%). Todos realizavam atendimento domiciliar, geralmente em resposta à solicitação da equipe de saúde (59,10%) ou da família (31,80%), executando procedimentos como restaurações, avaliações orais e orientações de higiene. O atendimento odontológico foi percebido como importante para a redução das desigualdades em saúde (54,50%), promoção da continuidade do cuidado (36,40%) e ampliação do acesso (9,10%). No pós-atendimento, havia comunicação interprofissional (59,10%), documentação (31,80%) e orientação aos familiares (9,10%). A competência técnica, a empatia e a capacitação foram vistas como fundamentais. Destacaram-se como aspectos positivos a identificação precoce de doenças orais (68,20%) e o fortalecimento do vínculo com os pacientes (31,80%). Como desafios, relataram-se limitações estruturais (86,40%) e dificuldades logísticas (13,60%). O estudo contou também com a participação de 14 enfermeiros, majoritariamente pelo gênero feminino (85,70%), especialistas em Saúde da Família e Comunidade (57,00%), que realizavam visitas domiciliares semanais (78,60%). Os profissionais destacaram a importância do cuidado (42,80%), o entendimento da realidade dos pacientes (35,80%) e a prestação de serviços (21,40%). Após os atendimentos, realizavam registros em prontuários (28,50%), discussão com a equipe (35,80%) e agendamentos de novas visitas (21,40%). Valorizavam o atendimento humanizado (57,00%) e o conhecimento técnico (35,80%), sendo a continuidade do cuidado (64,20%) e a formação de vínculo (35,80%) considerados benefícios relevantes. A falta de recursos foi a principal desvantagem relatada. Entre os médicos participantes, a maioria era do gênero feminino (52,90%), com faixa etária de 20 a 30 anos (35,30%), e com até 12 meses de atuação em unidades de saúde da família (52,90%). A maior parte possuía especialização em Medicina de Família e Comunidade (70,60%) e realizava visitas domiciliares semanais (70,60%). De maneira unânime, os médicos destacaram a importância do AD para pessoas idosas e relataram realizar prescrições, exames físicos e solicitações de exames durante as visitas. Após os atendimentos, 47,10% registravam os dados em prontuários e agendavam visitas subsequentes. A continuidade do cuidado (52,90%) e o fortalecimento do vínculo com os pacientes (47,10%) foram apontados como os principais benefícios. Os técnicos de enfermagem também participaram do estudo, sendo 89,20% do gênero feminino e com faixa etária predominante entre 30 e 40 anos (42,90%). A maioria possuía entre 37 e 60 meses de experiência na Estratégia Saúde da Família (71,40%) e realizava visitas domiciliares semanais (100,00%). Para 57,14%, o atendimento domiciliar era essencial para pacientes com dificuldades de locomoção; 28,57% destacaram a compreensão ampliada da realidade dos usuários, e 14,29% enfatizaram a importância da continuidade do cuidado e do atendimento humanizado. Sobre as competências necessárias, 50,00% mencionaram a escuta ativa e o atendimento humanizado, enquanto 35,71% citaram o conhecimento técnico específico. O trabalho multiprofissional foi lembrado por 14,29%, com interação com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. Como pontos positivos, 67,85% destacaram a continuidade do cuidado e 32,14% a formação de vínculo com o paciente. A falta de estrutura e suporte para o atendimento domiciliar foi unanimemente apontada como uma fragilidade. Por fim, participaram do estudo os agentes comunitários de saúde, sendo a maioria do gênero feminino (83,30%) e com idade entre 41 e 50 anos (61,20%). A maior parte atuava na função há entre 49 e 60 meses (85,00%) e possuía formação técnica na área (83,30%). Quase todos realizavam atendimento domiciliar de forma diária (97,20%). A maioria dos profissionais (80,50%) destacaram a formação de vínculo com o paciente como o principal aspecto do atendimento domiciliar. As atividades mais frequentes eram voltadas à orientação e prevenção (77,70%), com os relatos e encaminhamentos geralmente direcionados ao enfermeiro responsável (86,10%). Para atuar no AD, 77,80% consideraram essencial a adoção de uma abordagem humanizada, seguida por conhecimentos gerais em saúde (22,20%). Entre os principais benefícios percebidos, destacaram-se a continuidade do tratamento (52,70%), a promoção da saúde (27,70%) e a redução de riscos à saúde dos pacientes (19,60%). No entanto, 91,70% relataram a falta de apoio como o principal desafio enfrentado no desempenho de suas funções. Conclui-se que a atenção domiciliar é valorizada pelos profissionais e usuários devido à continuidade do tratamento, ao cuidado humanizado e à formação de vínculos, mas enfrenta desafios, como sobrecarga dos cuidadores, carência de recursos e burocratização, exigindo estratégias para aprimorar sua eficácia e acessibilidade.

Resumo (inglês)

Home care (HC) is essential for patients who require continuous care. This study analyzed the perceptions and practices of professionals from Family Health Strategy teams and users regarding home care in a medium-sized municipality in the interior of São Paulo State, Brazil. Initially, the theoretical basis and applicability of the Collective Subject Discourse method were addressed. Grounded in Social Representation Theory, this method proved appropriate for analyzing collective values and beliefs. Additionally, sociodemographic questionnaires, health- related quality of life (EQ-5D), perceived health status (EQ-VAS), and the Mini-Mental State Examination (MMSE) were applied. Most users were female (60.00%), with a mean age of 77 years. The majority were married (43.40%) and had incomplete primary education (60.00%). The predominant economic class was D/E (90.00%), and the most common duration of home care was between 13 and 24 months (41.60%). Among clinical conditions, chronic obstructive pulmonary disease (35.00%), heart failure (25.00%), and arthritis/arthrosis/rheumatism (23.30%) were most reported. The qualitative analysis revealed that 61.60% of patients received weekly care, 33.40% every 15 days, and 5.00% monthly. Visits were primarily conducted by community health workers (45.00%), nursing technicians (18.30%), nurses (15.00%), and physicians (15.00%). Participants valued continuity of care (36.60%) and highlighted the importance of humanized assistance (25.00%), satisfaction with care (31.60%), and a desire for more frequent visits (6.60%). In the EQ-5D analysis, female participants showed a greater need for assistance with personal care (p = 0.04) and higher prevalence of anxiety and depression (p = 0.03). Clinically, the presence of neoplasms was associated with reduced mobility (p = 0.04) and anxiety/depression (p = 0.01), while arthritis/arthrosis/rheumatism was linked to limitations in usual activities (p = 0.01) and pain/discomfort (p = 0.04). The mean MMSE score was 17.52, indicating mild cognitive impairment, with no significant gender differences. The average EQ- VAS score was 55.30, suggesting a moderately positive perception of health among participants. Among caregivers, most were female (92.03%) and over 50 years old (49.28%). Interviews showed that 65.21% emphasized the importance of regular visits for ensuring treatment continuity and 34.79% highlighted the strengthening of the bond with professionals. However, 61.60% reported feelings of loneliness due to social isolation, and 38.40% reported physical and emotional overload, including difficulties resting and presence of pain. On EQ- 5D assessment, female caregivers had a higher proportion of extreme problems in usual activities and pain/discomfort, while male caregivers reported moderate levels of anxiety/depression. As for dentists, 90.90% were female, mostly aged between 30 and 40 years (68.20%). The most common specialties were primary care and endodontics (both 27.30%). All provided home dental care, generally upon request from the health team (59.10%) or the family (31.80%), performing procedures such as restorations, oral evaluations, and hygiene guidance. Dental care was perceived as important for reducing health inequalities (54.50%), promoting continuity of care (36.40%), and increasing access (9.10%). After appointments, there was interprofessional communication (59.10%), documentation (31.80%), and family guidance (9.10%). Technical competence, empathy, and professional training were seen as essential. Positive aspects included early identification of oral diseases (68.20%) and bond strengthening with patients (31.80%). Reported challenges included structural limitations (86.40%) and logistical difficulties (13.60%). Fourteen nurses participated in the study, mostly female (85.70%) and specialized in Family and Community Health (57.00%), performing weekly home visits (78.60%). Professionals emphasized the importance of care (42.80%), understanding patient realities (35.80%), and service provision (21.40%). After visits, they recorded information in medical records (28.50%), discussed cases with the team (35.80%), and scheduled follow-up visits (21.40%). Humanized care (57.00%) and technical knowledge (35.80%) were valued, while continuity of care (64.20%) and bond formation (35.80%) were considered major benefits. Lack of resources was the main reported drawback. Among the participating physicians, most were female (52.90%), aged 20 to 30 years (35.30%), and had up to 12 months of experience in family health units (52.90%). Most were specialized in Family and Community Medicine (70.60%) and performed weekly home visits (70.60%). All physicians highlighted the importance of home care for older adults and reported performing prescriptions, physical exams, and test requests during visits. After care, 47.10% recorded data in medical records and scheduled future visits. Continuity of care (52.90%) and bond strengthening with patients (47.10%) were reported as key benefits. Nursing technicians also participated in the study, with 89.20% being female and most aged between 30 and 40 years (42.90%). The majority had between 37 and 60 months of experience in the Family Health Strategy (71.40%) and performed weekly home visits (100.00%). For 57.14%, home care was essential for patients with mobility difficulties; 28.57% highlighted better understanding of users’ reality, and 14.29% emphasized the importance of care continuity and humanized service. As for required competencies, 50.00% cited active listening and humanized care, while 35.71% mentioned specific technical knowledge. Multidisciplinary teamwork was mentioned by 14.29%, including interaction with physical therapists, speech therapists, and psychologists. As positive points, 67.85% emphasized continuity of care and 32.14% the formation of bonds with patients. Lack of structure and support for home care was unanimously reported as a weakness (100.00%). Lastly, community health workers (CHWs) participated, most being female (83.30%) and aged between 41 and 50 years (61.20%). Most had been in the role for 49 to 60 months (85.00%) and had technical training in the field (83.30%). Almost all performed daily home visits (97.20%). Most professionals (80.50%) highlighted bond formation with the patient as the main feature of home care. The most common activities were guidance and prevention (77.70%), with reports and referrals generally directed to the responsible nurse (86.10%). For work in home care, 77.80% considered a humanized approach essential, followed by general health knowledge (22.20%). Key perceived benefits included continuity of treatment (52.70%), health promotion (27.70%), and risk reduction for patients (19.60%). However, 91.70% reported lack of support as the main challenge in performing their duties. In conclusion, home care is valued by professionals and users for ensuring treatment continuity, humanized care, and bond formation. However, it faces challenges such as caregiver overload, lack of resources, and bureaucratization, demanding strategies to improve its effectiveness and accessibility.

Descrição

Palavras-chave

Atenção primária à saúde, Pesquisa qualitativa, Idosos, Idosos, Cuidadores, Home care services

Idioma

Português

Citação

GENARO, L. E. Atenção domiciliar: percepção de pessoas idosas, cuidadores e profissionais de saúde. 2025. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araçatuba, 2025.

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Faculdade de Odontologia
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Campus: Araçatuba


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