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A apreensão do espaço pelo eu lírico em poemas de Júlia da Costa

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Orientador

Borsato, Fabiane Renata

Coorientador

Pós-graduação

Estudos Literários - FCLAR

Curso de graduação

Título da Revista

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Editor

UNESP

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

A presente dissertação investiga a construção do espaço poético e a projeção da subjetividade na obra de Júlia da Costa, poeta paranaense do século XIX vinculada ao Romantismo brasileiro. O estudo parte da análise de dez poemas nos quais o espaço natural — mar, noite, estrelas, vento, paisagens solitárias — emerge como um operador simbólico fundamental, atuando não como simples ambientação, mas como extensão e espelho da interioridade da voz lírica. O objetivo central é compreender de que modo Júlia da Costa utiliza a paisagem como forma de expressão emocional e sensível, estabelecendo uma relação indissociável entre natureza e subjetividade. A metodologia adotada consiste em uma análise crítica minuciosa das estruturas internas dos poemas, considerando os movimentos compositivos, as imagens simbólicas, os recursos sonoros, os ritmos e os elementos formais que contribuem para a configuração de uma poética do espaço. O referencial teórico articula dois grandes eixos: a abordagem estética do Romantismo brasileiro e os estudos contemporâneos sobre paisagem e espaço na poesia lírica. No primeiro grupo, são mobilizados os trabalhos de Antonio Candido (2002), que conceitua o Romantismo como marco da constituição de um sistema literário nacional; Luiz Roncari (2002), que analisa o processo de nacionalização simbólica da paisagem e da linguagem poética e Haroldo de Campos (1989), cuja crítica historiográfica permite pensar os silenciamentos e exclusões que marcaram a consolidação do cânone. No segundo grupo, o trabalho apoia-se nos estudos de Michel Collot (2015), que interpreta a paisagem como forma de expressão da sensibilidade a partir do Romantismo; Jean-Marc Besse (2006), que concebe o espaço como construção simbólica e histórica da experiência; e Dominique Combe (2010), que explora a dimensão afetiva e subjetiva da espacialidade na poesia moderna. O estudo demonstra que Júlia da Costa integra plenamente os valores e procedimentos do Romantismo nacional, ainda que sua presença tenha sido obscurecida pela crítica literária tradicional. Ao produzir uma poesia profundamente sensível, marcada por estados de melancolia, contemplação e solidão projetados no espaço natural, a autora afirma-se como voz romântica ativa em um campo literário predominantemente masculino. Sua escrita representa, portanto, não uma exceção isolada, mas uma forma de resistência que evidencia a presença feminina nas dinâmicas simbólicas e afetivas do movimento romântico no Brasil. Os resultados alcançados reforçam a relevância de sua obra para a compreensão do lirismo oitocentista e para o processo de reavaliação crítica das experiências literárias historicamente marginalizadas.

Resumo (inglês)

This dissertation investigates the construction of poetic space and the projection of subjectivity in the work of Júlia da Costa, a 19th-century poet from Paraná associated with Brazilian Romanticism. The study is based on the analysis of ten poems in which the natural space — sea, night, stars, wind, solitary landscapes — emerges as a fundamental symbolic operator, acting not as mere setting but as an extension and mirror of the lyrical voice’s inner world. The central objective is to understand how Júlia da Costa employs landscape as a means of emotional and sensitive expression, establishing an inseparable relationship between nature and subjectivity. The methodology consists of a detailed critical analysis of the internal structures of the poems, taking into account compositional movements, symbolic imagery, sound devices, rhythms, and formal elements that contribute to shaping a poetics of space. The theoretical framework is structured around two main axes: the aesthetic approach to Brazilian Romanticism and contemporary studies on landscape and space in lyric poetry. Within the first group, the works of Antonio Candido (2002), who conceives Romanticism as a landmark in the formation of a national literary system; Luiz Roncari (2002), who analyzes the symbolic nationalization of landscape and poetic language; and Haroldo de Campos (1989), whose historiographic criticism allows for reflections on the silences and exclusions that shaped the literary canon, are all engaged. Within the second group, the research draws on the studies of Michel Collot (2015), who interprets landscape as a form of expressing sensibility since Romanticism; Jean-Marc Besse (2006), who conceives space as a symbolic and historical construction of experience; and Dominique Combe (2010), who explores the affective and subjective dimension of spatiality in modern poetry. The study demonstrates that Júlia da Costa fully incorporates the values and techniques of national Romanticism, even though her presence has been obscured by traditional literary criticism. By producing a deeply sensitive poetry, marked by states of melancholy, contemplation, and solitude projected onto the natural landscape, the author asserts herself as an active Romantic voice within a predominantly male literary field. Her writing thus represents not an isolated exception, but a form of resistance that highlights the feminine presence within the symbolic and affective dynamics of the Romantic movement in Brazil. The findings reinforce the significance of her work for understanding 19th-century lyricism and for the critical reevaluation of historically marginalized literary experiences.

Resumo (francês)

La présente dissertation étudie la construction de l’espace poétique et la projection de la subjectivité dans l’oeuvre de Júlia da Costa, poétesse originaire du Paraná au XIXᵉ siècle, rattachée au romantisme brésilien. L’étude repose sur l’analyse de dix poèmes dans lesquels l’espace naturel — mer, nuit, étoiles, vent, paysages solitaires — émerge comme un opérateur symbolique fondamental, agissant non pas comme simple décor, mais comme extension et reflet de l’intériorité de la voix lyrique. L’objectif principal est de comprendre comment Júlia da Costa utilise le paysage comme forme d’expression émotionnelle et sensible, établissant une relation indissociable entre nature et subjectivité. La méthodologie adoptée repose sur une analyse critique minutieuse des structures internes des poèmes, en considérant les mouvements compositionnels, les images symboliques, les ressources sonores, les rythmes et les éléments formels qui contribuent à la configuration d’une poétique de l’espace. Le cadre théorique articule deux grands axes : l’approche esthétique du romantisme brésilien et les études contemporaines sur le paysage et l’espace dans la poésie lyrique. Dans le premier groupe, sont mobilisés les travaux d’Antonio Candido (2002), qui conceptualise le romantisme comme moment fondateur d’un système littéraire national ; Luiz Roncari (2002), qui analyse le processus de nationalisation symbolique du paysage et du langage poétique et Haroldo de Campos (1989), dont la critique historiographique permet de penser les silences et les exclusions qui ont marqué la consolidation du canon. Dans le second groupe, l’étude s’appuie sur les travaux de Michel Collot (2015), qui interprète le paysage comme forme d’expression de la sensibilité à partir du romantisme ; Jean-Marc Besse (2006), qui conçoit l’espace comme construction symbolique et historique de l’expérience ; et Dominique Combe (2010), qui explore la dimension affective et subjective de la spatialité dans la poésie moderne. L’étude démontre que Júlia da Costa s’inscrit pleinement dans les valeurs et les procédés du romantisme national, bien que sa présence ait été obscurcie par la critique littéraire traditionnelle. En produisant une poésie profondément sensible, marquée par des états de mélancolie, de contemplation et de solitude projetés dans l’espace naturel, l’auteure s’affirme comme voix romantique active dans un champ littéraire majoritairement masculin. Son écriture ne représente donc pas une exception isolée, mais une forme de résistance qui souligne la présence féminine dans les dynamiques symboliques et affectives du mouvement romantique au Brésil. Les résultats obtenus renforcent la pertinence de son oeuvre pour la compréhension du lyrisme brésilien du XIXᵉ siècle et pour le processus de réévaluation critique des expériences littéraires historiquement marginalisées.

Descrição

Palavras-chave

Literatura brasileira, Poesia brasileira, Romantismo, Mulheres na Literatura, Paisagens, Júlia da Costa, Romantisme, Paysage, Poésie

Idioma

Português

Citação

JORGE, A. C. P. F. A apreensão do espaço pelo eu lírico em poemas de Júlia da Costa. 2025. 99f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) - Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2025.

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