Encontros com as diferenças e a partilha do comum na Educação Física Escolar a partir da temática indígena - "Somos todos indígenas!"

Abstract

Encontrei-me com este tema, ao encontrar-me com minha ancestralidade afro-brasileira e indígena e diante da constatação do apagamento histórico dos saberes e culturas destes povos nas diversas áreas de conhecimento, inclusive na Educação Física Escolar. Vivemos em uma sociedade multiétnica composta por uma considerável diversidade de culturas. O reconhecimento e a valorização dessa diversidade é atribuição conspícua da escola. Neste sentido, a disciplina de Educação Física se apresenta como um espaço riquíssimo de estudo e experiências motrizes relacionadas a tais manifestações culturais, dentre elas, a de matriz indígena. A relevância da temática indígena se confirma pelas leis n° 10.639/03 e n° 11.645/08, que alteraram, respectivamente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privado, além da Base Nacional Curricular comum que aborda o tema nos anos iniciais, mais especificamente no Ciclo II do ensino fundamental. Neste sentido, considerando o ambiente escolar como um espaço miscigenado e crivado pela alteridade, situamos o seguinte questionamento: como a Educação Física, enquanto componente curricular, pode se configurar como um espaço potente de afirmação e valorização das culturas indígenas sem isolá-la das outras culturas? Partindo deste campo problemático, este presente estudo de caráter qualitativo criou um campo de discussões e práticas sobre a presença de jogos, brincadeiras, lutas e danças de matriz indígena na Educação Física Escolar. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica que, na tensão com as singularidades do campo estudado, deu respaldo para a construção de uma Unidade Didática envolvendo a temática indígena, constituída por 6 encontros que foram desenvolvidos junto a 30 alunos do 5º do Ensino Fundamental de uma escola municipal do município de Campinas /SP. Para levantamento dos dados foi utilizado o diário de campo e o diário do professor, com o intuito de registrar as intensidades, singularidades e também as narrativas que se constituíram na relação pedagógica estabelecida entre o professor e alunos em sala de aula. Seguindo a proposta da pesquisa-ação, os dados coletados foram analisados qualitativamente, de acordo com a dinâmica interpretativa oferecida pela Análise Temática. Foram encontrados 4 categorias de análise que, em seu conjunto buscou atender a delimitação problemática definida pela pesquisa. Diante da destituição de humanidade dos povos originários ocasionada pelo processo de colonização, vislumbra-se a possibilidade da restituição e reparação, através de uma prática educacional que ouse avançar de uma dimensão moral para uma dimensão ética e atitudinal nas aulas de Educação Física. Neste sentido, através dos encontros com as diferenças nas aulas da Educação Física, a partir da temática indígena, foi possibilitada a oportunidade da partilha daquilo que todos temos em comum, nossa humanidade (Mbembe, 2019). Deste movimento investigativo, desenvolvemos um recurso educacional, constituído por uma Unidade Didática oriunda da análise e avaliação do exercício educativo realizado ao longo desta presente pesquisa.

I came across this topic, when I encountered my Afro-Brazilian and indigenous ancestry and when I saw the historical erasure of the knowledge and cultures of these people in different areas of knowledge, including School Physical Education. We live in a multiethnic society made up of a considerable diversity of cultures. Recognizing and valuing this diversity is a conspicuous responsibility of the school. In this sense, the discipline of Physical Education presents itself as a rich space for study and driving experiences related to such cultural manifestations, among them, that of indigenous origin. The relevance of the indigenous theme is confirmed by laws No. 10,639/03 and No. 11,645/08, which amended, respectively, the Law of Guidelines and Bases of National Education to include the mandatory theme “Afro-Brazilian and Indigenous History and Culture” in public and private primary and secondary education establishments, in addition to the common National Curricular Base that addresses the topic in the early years, more specifically in Cycle II of primary education. In this sense, considering the school environment as a space mixed and riddled with otherness, we pose the following question: how Physical Education, as a curricular component, can be configured as a powerful space for affirming and valuing indigenous cultures without isolating it from others cultures? Starting from this problematic field, this qualitative study created a field of discussions and practices about the presence of games, games, fights and dances of an indigenous origin in School Physical Education. To this end, a bibliographical review was carried out which, in tension with the singularities of the field studied, provided support for the construction of a Didactic Unit involving indigenous themes, consisting of 6 meetings that were developed together with 30 students from the 5th grade of Elementary School from a municipal school in the city of Campinas/SP. To collect the data, the field diary and the teacher's diary were used, with the aim of recording the intensities, singularities and also the narratives that were constituted in the pedagogical relationship established between the teacher and students in the classroom. Following the action research proposal, the data collected were analyzed qualitatively, according to the interpretative dynamics offered by Thematic Analysis. Four categories of analysis were found which, as a whole, sought to meet the problematic delimitation defined by the research. Faced with the destitution of humanity of original peoples caused by the colonization process, the possibility of restitution and reparation is envisaged, through an educational practice that dares to advance from a moral dimension to an ethical and attitudinal dimension in Physical Education classes. In this sense, through encounters with differences in Physical Education classes, based on indigenous themes, the opportunity was made to share what we all have in common, our humanity (Mbembe, 2019). From this investigative movement, we developed an educational resource, consisting of a Didactic Unit arising from the analysis and evaluation of the educational exercise carried out throughout this research.

Me encontré con este tema, cuando me encontré con mi ascendencia afrobrasileña e indígena y cuando vi el borrado histórico de los saberes y culturas de estos pueblos en diferentes áreas del conocimiento, incluida la Educación Física Escolar. Vivimos en una sociedad multiétnica formada por una considerable diversidad de culturas. Reconocer y valorar esta diversidad es una responsabilidad manifiesta de la escuela. En este sentido, la disciplina de Educación Física se presenta como un rico espacio para el estudio y la conducción de experiencias relacionadas con dichas manifestaciones culturales, entre ellas, la de origen indígena. La relevancia del tema indígena es confirmada por las leyes nº 10.639/03 y nº 11.645/08, que modificaron, respectivamente, la Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional para incluir el tema obligatorio “Historia y Cultura Afrobrasileña e Indígena”. ”en establecimientos de educación primaria y secundaria públicos y privados, además de la Base Curricular Nacional Común que aborda el tema en los primeros años, más específicamente en el Ciclo II de la educación primaria. En este sentido, considerando el ambiente escolar como un espacio mezclado y plagado de alteridad, nos planteamos la siguiente pregunta: ¿cómo la Educación Física, como componente curricular, puede configurarse como un espacio poderoso para afirmar y valorar las culturas indígenas sin aislarlas de las demás? culturas? A partir de este campo problemático, este estudio cualitativo creó un campo de discusiones y prácticas sobre la presencia de juegos, peleas y danzas de origen indígena en la Educación Física Escolar. Para ello, se realizó una revisión bibliográfica que, en tensión con las singularidades del campo estudiado, sirvió de apoyo para la construcción de una Unidad Didáctica de temática indígena, compuesta por 6 encuentros que se desarrollaron en conjunto con 30 estudiantes de 5° grado. de Escuela Primaria de una escuela municipal de la ciudad de Campinas/SP. Para la recolección de datos se utilizó el diario del docente, destinado a registrar las intensidades, singularidades y también las narrativas que constituyeron la relación pedagógica establecida entre el docente y los estudiantes en el aula. Siguiendo la propuesta de investigación acción, los datos recolectados fueron analizados cualitativamente, según la dinámica interpretativa que ofrece el Análisis Temático. Se encontraron cuatro categorías de análisis que, en su conjunto, buscaron atender la delimitación problemática definida por la investigación. Frente a la destitución de humanidad de los pueblos originarios provocada por el proceso de colonización, se vislumbra la posibilidad de restitución y reparación, a través de una práctica educativa que se atreva a avanzar desde una dimensión moral hacia una dimensión ética y actitudinal en las clases de Educación Física (Mbembe, 2019 ). A partir de este movimiento investigativo, desarrollamos un producto educativo que consta de una Unidad Didáctica que surge del proceso de implementación, análisis y evaluación del ejercicio educativo realizado a lo largo de esta investigación.