Anacronismos: notas sobre as imagens do tempo em Dom Quixote de la Mancha
Data
2020-12-21
Autores
Orientador
Cardoso Júnior, Hélio Rebello
Coorientador
Pós-graduação
História - FCLAS
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Dissertação de mestrado
Direito de acesso
Acesso aberto
Resumo
Resumo (português)
Trata-se de uma dissertação que visa, a partir de uma aproximação da obra Dom Quixote de la Mancha, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, publicada pela primeira vez em 1605, pensar o conceito de anacronismo como possibilidade heurística para a história. No diálogo entre teoria das imagens e estética contemporânea, sobretudo através das obras de Walter Benjamin, Gilles Deleuze, Georges Didi-Huberman e Jacques Rancière, buscamos demonstrar como sobrevivem em Dom Quixote duas diferentes imagens de tempo, uma medieval e escatológica, denominada imago cosmos, e outra barroca e infinita, denominada imago mundi. Acreditamos que a tensão entre essas duas imagens de tempo não apenas perpassa como constitui esse que é amplamente considerado o primeiro romance moderno. Na continuidade da presença de Dom Quixote na Literatura Ocidental, o que denominamos imagem-quixote, procuramos traçar as sobrevivências do Cavaleiro da Triste Figura até o Modernismo. Nesse sentido, essa pesquisa procura entender como Dom Quixote pode ser lido não apenas como a crítica irônica ao atraso da sociedade cavalheiresca na Espanha do início século XVII, mas, também, como sintoma de uma modificação histórica que se expressa como certa imagem dialética dos diferentes ritmos temporais imanentes à obra Dom Quixote: síntese disjuntiva do tempo medieval e moderno, em que reminiscências, apagamentos, retornos e saltos constituem a multiplicidade temporal de um tempo histórico necessariamente não linear. A partir desses questionamentos, procuramos apontar para a hipótese de uma heterocronia como reconfiguração do tempo histórico em termos de um pluralismo dos ritmos temporais.
Resumo (inglês)
It is a dissertation that aims, based on an approximation of the work Don Quixote de la Mancha by the Spanish writer Miguel de Cervantes, first published in 1605, to think of the concept of anachronism as a heuristic possibility for history. In the dialogue between image theory and contemporary aesthetics, especially through the works of Walter Benjamin, Gilles Deleuze, Georges Didi-Huberman and Jacques Rancière, we seek to demonstrate how they survive in Don Quixote two different images of time, one medieval and eschatological, which we call imago cosmos, and another baroque and infinite, which we call imago mundi. We believe that the tension between these two images of time not only permeates but also constitutes what is widely considered the first modern novel. Continuing with the presence of Don Quixote in Western literature, which we call imagequixote, we seek to trace the survivals of the Knight of the Sad Figure to Modernism. In this sense, this research seeks to understand how Don Quixote can be read not only as an ironic criticism of the backwardness of chivalric society in 17th century Spain, but also as a symptom of a historical change that is expressed, in a singular way, a certain dialectical image of the different temporal rhythms immanent to the work Don Quixote: a disjunctive synthesis of medieval and modern time, in which reminiscences, erasures, returns and leaps, constitute the temporal multiplicity of a necessarily non-linear historical time. From these questions, we try to point to the hypothesis of a heterochrony as a reconfiguration of historical time in terms of a pluralism of temporal rhythms.
Descrição
Idioma
Português