Interpretando Lélia Gonzalez e a amefricanidade: um novo caminho teórico em Relações Internacionais sob uma ótica ampla do internacional

Abstract

O objetivo central da presente dissertação de mestrado consistiu em compreender, e assim, interpretar, se e como a noção de Amefricanidade e do pensamento de Lélia Gonzalez, bem como dos seus desenvolvimentos, permitiriam uma contribuição teórica em Relações Internacionais que escapasse às narrativas restritas mais tradicionais dos grandes debates teóricos e evidenciariam uma dimensão relevante atinente ao silenciamento das mulheres, indígenas e negros africanos neste campo disciplinar. Haja vista que as definições e enquadramentos restritos do que se entende por Teorias das Relações Internacionais vêm sendo objeto de crítica ao longo do tempo, foi importante enxergar de quais formas o avanço proporcionado pelo desenvolvimento e aplicação da Amefricanidade e o diálogo com Gonzalez constituíram um avanço científico na área na medida em que possibilitam lidar com aspectos relevantes da concretude de mulheres, indígenas e negros em termos de uma multidimensionalidade, para assim trabalhar na construção de novos caminhos teóricos. Frente a isso, o trabalho promoveu uma sistematização e recuperação dos escritos de e sobre Lélia Gonzalez, com destaque maior para a discussão e percepção acerca do conceito de Amefricanidade, enfatizando o processo de formação das Américas, sobretudo da América Latina, na presença do caráter internacional do conceito, enquanto uma construção políticocultural original de uma categoria transnacional. Com esse intuito, discutimos também a própria visão e necessidade de ampliação do conceito de internacional nas e para as Relações Internacionais, bem como refletir sobre a ligação, em termos de vivência e dos seus aportes teóricos, da autora com o internacional. Por fim, tratamos as escolas de pensamentos interseccionais, decoloniais e marxistas e das bases de interpretações que encaixam as noções elaboradas por Lélia Gonzalez com o interseccional, o decolonial e o marxismo. Ao articular o caráter teórico-prático da autora abordaremos as questões referentes aos conceitos de gênero, raça e classe, inclusive em diálogo com o alicerce teórico das RI. Para tanto, as metodologias empregadas serão a Revisão Sistemática da Literatura, a Revisão Narrativa da Literatura e o método de Conhecimento Situado.

El objetivo central de esta tesis de maestría fue entender, y así interpretar, si y cómo la noción de Amefricanidad y el pensamiento de Lélia Gonzalez, así como sus desarrollos, permitirían una contribución teórica en Relaciones Internacionales que escaparía a las narrativas restringidas más tradicionales de los grandes debates teóricos y destacaría una dimensión relevante en relación al silenciamiento de las mujeres, indígenas y negros africanos en este campo disciplinar. Dado que las estrechas definiciones y marcos de lo que se entiende por Teoría de las Relaciones Internacionales han sido objeto de crítica a lo largo del tiempo, era importante ver de qué manera los avances proporcionados por el desarrollo y aplicación de la Amefricanidad y el diálogo con González constituían un avance científico en el área en la medida en que permiten abordar aspectos relevantes de la concreción de las mujeres, los indígenas y los negros en términos de una multidimensionalidad, para trabajar en la construcción de nuevos caminos teóricos. En vista de ello, el trabajo promovió una sistematización y recuperación de los escritos de y sobre Lélia Gonzalez, con mayor énfasis en la discusión y percepción del concepto de Amefricanidad, enfatizando el proceso de formación de las Américas, especialmente de América Latina, en presencia del carácter internacional del concepto, como construcción político-cultural originaria de una categoría transnacional. Para ello, discutimos también la propia visión de la autora y la necesidad de ampliar el concepto de lo internacional en y para las Relaciones Internacionales, además de reflexionar sobre su conexión con lo internacional en términos de su experiencia y sus contribuciones teóricas. Por último, abordamos las escuelas de pensamiento interseccional, decolonial y marxista y las bases de las interpretaciones que encajan las nociones elaboradas por Lélia Gonzalez con la interseccionalidad, la decolonialidad y el marxismo. Articulando el carácter teórico-práctico de la autora, abordaremos cuestiones relativas a los conceptos de género, raza y clase, incluso en diálogo con la fundamentación teórica de las RI. Para ello, las metodologías empleadas serán la Revisión Sistemática de la Literatura, la Revisión Narrativa de la Literatura y el método del Conocimiento Situado.

The central objective of this master's thesis was to understand, and thus interpret, whether and how the notion of Amefricanity and the thought of Lélia Gonzalez, as well as its developments, would allow for a theoretical contribution in International Relations that would escape the more traditional restricted narratives of the great theoretical debates and would highlight a relevant dimension regarding the silencing of women, indigenous and black Africans in this disciplinary field. Given that the narrow definitions and frameworks of what is meant by International Relations Theory have been criticized over time, it was important to see in what ways the progress provided by the development and application of Amefricanity and the dialogue with Gonzalez constituted a scientific advance in the area insofar as they make it possible to deal with relevant aspects of the concreteness of women, indigenous and black people in terms of a multidimensionality, in order to work on the construction of new theoretical paths. In view of this, the work promoted a systematization and recovery of the writings of and about Lélia Gonzalez, with a greater emphasis on the discussion and perception of the concept of Amefricanity, emphasizing the process of formation of the Americas, especially Latin America, in the presence of the international character of the concept, as an original political-cultural construction of a transnational category. To this end, we also discuss the author's own vision and the need to broaden the concept of the international in and for International Relations, as well as reflecting on her connection with the international in terms of her experience and her theoretical contributions. Finally, we address the intersectional, decolonial and Marxist schools of thought and the bases of interpretations that fit the notions elaborated by Lélia Gonzalez with intersectional, decolonial and Marxism. By articulating the author's theoretical-practical character, we will address issues relating to the concepts of gender, race and class, including in dialog with the theoretical foundation of IR. To this end, the methodologies employed will be the Systematic Literature Review, the Narrative Literature Review and the Situated Knowledge method.