A formação de educadores ambientais críticos em um curso de Pedagogia: limites e possibilidades

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Data

2016-03-24

Orientador

Talamoni, Jandira Lira Biscalquini
Spazziani, Maria de Lourdes

Coorientador

Pós-graduação

Educação para a Ciência - FC

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

Esta pesquisa foi desencadeada pela necessidade de propormos e efetivarmos ações, visando oferecer aprofundamento de conhecimentos aos estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga/SP (FAIBI), que pudessem suprir suas eventuais carências com respeito à formação em Educação Ambiental (EA). O objetivo geral foi identificar e analisar em que medida o processo de formação de futuros professores de um curso de Pedagogia pode contribuir para que possam atuar, futuramente, como educadores ambientais críticos. Buscamos apoio na Pedagogia Histórico-crítica, por ser contra-hegemônica, buscando privilegiar os princípios do materialismo histórico dialético. A pesquisa de campo, de cunho qualitativo, foi desenvolvida com a participação de 25 alunos do curso de Pedagogia, no período de 2011a 2014, em 4 etapas: 1) análise do projeto político pedagógico (PPP) do curso de Pedagogia e dos planos de ensino das disciplinas cujos conteúdos contemplavam as questões socioambientais, utilizando a análise de conteúdo (temática); 2) investigação da trajetória formativa em EA dos alunos participantes; 3) formação e aporte teórico/prático nas disciplinas oferecidas no curso de Pedagogia que trabalham a EA; 4) desenvolvimento de uma pesquisa participativa com os alunos no município de Ibitinga, como pesquisadores-colaboradores, articulando os conteúdos teóricos à prática, visando a que pudessem se tornar futuros agentes transformadores da realidade. Para tanto, foi diagnosticado o problema ambiental que o grupo de pesquisadores-colaboradores e a pesquisadora-acadêmica consideraram ser prioritário no município (resíduos sólidos de descarte doméstico, comercial e industrial) e, em seguida, coletivamente, foram planejadas e efetivadas as ações. Para a coleta de dados utilizamos questionários semiestruturados, entrevistas, observação, registros fotográficos, gravações em áudio e anotações em diário de campo. As análises das etapas iniciais indicaram a presença – explícita ou não – da abordagem de questões ambientais no PPP do curso de Pedagogia, embora pensemos ainda haver muito a ser discutido e incorporado àquele documento, com relação à EA crítica e ao seu caráter interdisciplinar e transversal. Verificamos que das 60 disciplinas do curso, apenas 4 trabalhavam as questões ambientais, embora nestas fossem características a articulação interdisciplinar e a promoção de discussões, sob uma perspectiva histórico-crítica, acerca dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais tão importantes na formação de educadores ambientais. As trajetórias formativas dos estudantes de Pedagogia, durante a educação básica, nos revelaram concepções socioambientais ingênuas e naturalistas, evidenciando a necessidade de uma formação ampliada no ensino superior. Visando preencher esta lacuna, os aportes teóricos da EA crítica foram trabalhados nas disciplinas do curso de Pedagogia que, à época, eram ministradas pela pesquisadora-acadêmica, de modo que os alunos pudessem articular o específico ao global, o conjuntural ao estrutural e identificar os condicionantes presentes na sociedade capitalista e na própria organização escolar, reformular valores e repensar as relações estabelecidas na natureza para poderem atuar politicamente na sociedade. A pesquisa participativa permitiu aos estudantes vivenciarem na prática um problema ambiental do município e os seus condicionantes, além de contribuir para a sua formação enquanto futuros educadores ambientais. Trabalhar a questão ambiental no processo formativo de professores do curso de Pedagogia, no contexto da FAIBI, oportunizou-nos novas possibilidades de reflexão, partilhas, constatações, descobertas e (re)leituras da EA, além de apontar também algumas dificuldades e limitações, tais como: estrutura do curso de Pedagogia, o contexto acadêmico, a falta de articulação entre o poder público e a faculdade e a formação do aluno. Com relação a esta última, observamos que mesmo diante do oferecimento de uma formação embasada na perspectiva histórico-crítica - durante as disciplinas que trabalhavam a EA no curso de Pedagogia – ainda persistiram concepções ingênuas e comportamentalistas de EA por parte de alguns alunos, ao final do curso. Concluímos que essa formação crítica exige que tal processo seja permanente, pois deve preparar os futuros educadores para a superação da “armadilha paradigmática” à qual ainda se encontram aprisionados, em muito atribuída à formação que receberam ao longo de suas vidas escolares e à qual estão enraizadas - e se refletem - suas práticas educativas ambientais. Neste sentido, as faculdades e as universidades desempenham papel fundamental no processo de formação ambiental, pois se instituem como locus do saber científico e da formação de professores, produzindo sentidos para as práticas educativas e exercendo influência sobre a EA.

Resumo (inglês)

This research began due to the need to propose and carry out actions in order to offer a deepening of knowledge that could fulfill the eventual short comings in the Environmental Education (EE) training of Pedagogy students from Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga/SP (FAIBI). The general objective was to identify and analyze to what extent to which the training process of future teachers of a Pedagogy course may contribute to their performance as environmental educators from a critical perspective. We looked for support at the Historical-Critical Pedagogy, counter hegemonic pedagogy linked to the principles of dialectical historical materialism. The field research of qualitative nature was developed with 25 students from the Pedagogy course, from 2011 to 2014 in 4 stages: 1) analysis of the Pedagogy course political pedagogical project (PPP) and of teaching plans of some subjects, whose contents comprised social and environmental issues, through content analysis (thematic); 2) investigation of the students’ training trajectory in EE 3) training and theoretical/practical contribution in the disciplines offered in the course of Pedagogy that works the EE 4) development of a participatory research with students in the city of Ibitinga, students participated in the research as collaborating researchers, articulating theoretical contents into practice and possibly becoming future transforming agents of the reality. First, we made the diagnosis of the environmental problem considered a priority in the city of Ibitinga (household, commercial and industrial disposalsolid waste) was diagnosed, and then, collectively, actions were planned and carried out. To collect data, we used semi-structured questionnaires, interviews, observations, photographic records, audio recordings and notes in field diary. The analyzes of the initial stages indicated the presence - explicit or otherwise - of the approach to environmental issues in the Pedagogy course PPP, although we still think there is much to be discussed and incorporated into that document in relation to critical EE and its interdisciplinary and cross-cutting nature. Only four subjects (out of 60) worked on environmental issues, but they were articulated in an interdisciplinary way and promoted discussions - from the critical perspective - about the social, economic, political and cultural aspects, so important in the preparation of environmental educators. The training trajectory of pedagogy students, during basic education, revealed us naive and naturalist environmental concepts, highlighting the need for an expanded formation in higher education. To fill this blank and change the naturalist and naive conception of EE, four disciplines of the Pedagogy course dealt with the critical EE and its theoretical contributions. These disciplines were taught by the researcher-academic, so that students could articulate the specific with the global, the cyclical with the structural, observe the conditions present in the capitalist society, rephrase values, rethink the relationships established in nature and act politically in society. The participatory research allowed the students to experience in practice an environmental problem of the municipality and its conditions, besides contributing to its formation as a future environmental educator. Working on the environmental issue in the educational process of teachers of the Pedagogy course, in the context of FAIBI, gave us new possibilities for reflection, sharing, discoveries, discoveries and (re)readings of EE. In addition to pointing out some difficulties and limitations such as: Pedagogy course structure, academic context, lack of articulation between the public power and the faculty and student training. Regarding the latter, we observed that even in the face of the offer of a formation based on the historical-critical perspective - during the disciplines that worked the EE in the course of Pedagogy - naive conceptions and behavioralists of EE still persisted in the end of course. We conclude that a critical formation requires that this process be permanent, since it must prepare future educators to overcome the "paradigmatic trap" to which they are still imprisoned, much ascribed to the formation they have received throughout their school lives and to which they are rooted - and reflected - their environmental education practices. In this sense, colleges and universities play a fundamental role in the process of environmental education, as they establish themselves as a locus of scientific knowledge and teacher training, producing meanings for educational practices and influencing EE.

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Português

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